Luísa Giampaoli vai representar Pelotas no principal pelotão feminino da mais tradicional prova de rua da América Latina. Em 31 de dezembro, a atleta de 29 anos largará na elite A da 98ª edição da Corrida Internacional de São Silvestre, em São Paulo. A participação no evento, ao lado dos nomes de maior destaque do mundo no atletismo, encerrará um ano de recorde pessoal conquistado pela pelotense.

O percurso na capital paulista tem 15 quilômetros. Em agosto, Luísa alcançou a melhor marca da história entre as mulheres na Meia Maratona Internacional de Florianópolis (1h19min29s), cujo trajeto é de 21 quilômetros. Mas apesar dos resultados expressivos, ela ainda não consegue viver uma rotina de atleta profissional. Faz dois treinos diários enquanto divide atenções com a maternidade e o trabalho como cabeleireira e barbeira.

“Não sou atleta profissional, sou profissional atleta. Gostaria muito de chegar em casa e descansar para sair para o segundo turno de treinamento. Acredito que melhoraria muito a performance”, resume. Atualmente, Luísa treina pela manhã na pista do 9º Batalhão de Infantaria Motorizada (Bimtz) e, durante a tarde, em ruas da cidade ou no Parque Una. Aos domingos, as atividades são mais longas e, por isso, acontecem nas ruas ou na zona rural.

Equipe de apoio e poucos recursos

Luísa Giampaoli representa a equipe ANR, da Assessoria Percorrer Running. Além do treinador Leonardo Ribas, com quem a parceria de atividades já dura 12 anos, a comissão tem o auxiliar Eduardo Schmit e o treinador de força Pablo Oliveira. Nutricionista, ginecologista e quiropraxista também são parceiros da atleta na busca pela melhora da performance.

Ao longo dos 13 anos na corrida, a pelotense somou uma série de vitórias de nível municipal e estadual. Conseguiu índice para as últimas três edições do Troféu Brasil de Atletismo: em 2021 disputou em São Paulo e em 2022 foi ao Rio de Janeiro, mas em 2023 não viajou a Cuiabá para a competição devido à falta de recursos.

“A vida de atleta de alto rendimento não é muito barata. Treina muito e gasta muito material, forçando o corpo ao extremo e necessitando de uma boa suplementação, alimentação e recuperação muscular. Todos esses materiais envolvem dinheiro. Por isso ainda não sou somente atleta. Não teria condições de bancar a vida de atleta somente com a corrida”, lamenta.

Marcas em diferentes percursos

Líder do ranking gaúcho neste ano nas provas de 1,5 mil metros e 21 quilômetros, Luísa já correu em diversas distâncias na carreira. Em 2018, permaneceu em atividade durante parte da gravidez e, um ano após virar mãe, retornou a disputar provas de cinco e dez quilômetros, por exemplo. Na temporada passada, terminou entre os dez melhores tempos do Brasil nas classificações de 800 e 1,5 mil metros.

Com tantos números de relevância mesmo sem se dedicar exclusivamente ao atletismo, ela acredita que um apoio maior resultaria em índices ainda melhores. “O recurso ideal seria um valor que não precisasse mais trabalhar para focar no atletismo como principal profissão. Então seria ideal ter um recurso para deslocamento, alimentação e hospedagem para as provas e também para me manter para os treinamentos”, estima Luísa.

Patrocinada por Biri Refrigerantes e Escola de Cabeleireiros e Barbeiros Edward e com apoios de Reginaldo Bacci Advocacia, 9º Bimtz e vereador Carlos Júnior (PSD), a atleta assinou na semana passada mais um termo de fomento para ser beneficiada pelo edital 2023 do ProEsporte Municipal da Prefeitura de Pelotas. Ela terá direito a R$ 6 mil, verba que ajudará para ir a São Paulo em dezembro.

Projeção

Aprovada no principal pelotão feminino da São Silvestre por se enquadrar nos índices da prova, Luísa espera aproveitar o momento entre as melhores do mundo. Um dos pontos mais importantes e aguardados é o da tradicional avenida Brigadeiro Faria Lima, com subida de 2,5 quilômetros.

“É uma prova desafiadora tanto para o amador quanto para os profissionais, pois tem muitas subidas. Um exemplo é a famosa Brigadeiro. A estratégia será fazer a prova dentro do que venho treinando, pois só em estar lá entre as melhores já estou muito feliz. Todas as pessoas que estão juntas a mim nessa corrida que é a vida de atleta também estão premiadas”, diz.

Para se ter uma ideia de tempo, a São Silvestre do ano passado foi vencida na elite feminina pela queniana Catherine Reline, 20, em 49min39s.

Contato

Para patrocinar ou apoiar a primeira representante da história de Pelotas na elite da São Silvestre, basta entrar em contato pelo Instagram @luisagiampaoli. O Pix é 53 984571652. 

Melhores tempos de Luísa

800 metros: 2min11s
1,5 mil metros: 4min35s
3 quilômetros: 9min48s
5 quilômetros: 17min05s
7 quilômetros: 24min07s
10 quilômetros: 36min28s
21 quilômetros: 1h19min29s